O Portal Celino Neto conversou com o campinense José Wilker, empreendedor de 41 anos que tem vasta experiência no mercado de tecnologia. De Campina Grande para o mundo, ele trabalha atualmente nos Estados Unidos e é um exemplo de profissional criativo e competente. José Wilker mora com a família em Orlando, na Flórida, e é acionista da Pluralsight, líder global em treinamento online para profissionais de tecnologia. Confira nossa entrevista com ele:
Portal Celino Neto – Como surgiu seu interesse por tecnologia?
José Wilker – Minha carreira em tecnologia começou em meados de 1996 quando a internet batia às portas de nosso país. Filho de Campina Grande, pioneira por natureza, desenvolvi, de imediato, grande interesse pela nova tecnologia, que na época era limitada a poucos. O grande privilégio de poder pesquisar, entender e desenvolver na web só foi possível graças a meus pais. E aqui, o meu agradecimento a eles, que mesmo diante de tantas outras prioridades, esforçaram-se para que pudéssemos ter um computador em casa. Eu não tinha dúvida que aquela máquina iria me conectar a um novo mundo. Éramos um grupo de garotos jovens, eufóricos com tanta novidade e informação. Usávamos o nosso tempo para pesquisar, aprender, assimilar e por em prática tudo que vinha aparecendo de forma tão rápida naquela tal internet.
PCN – Ainda em Campina Grande, qual foi seu primeiro investimento nesse mundo digital?
JW – Em meio a BBS’s, boats, nicknames, IRC’s, applets, gifs, htmls, conhecemos mentes brilhantes da tecnologia paraibana e firmamos a primeira sociedade, que nos levou ao mundo do empreendedorismo. Eu, Henrique Cirne (hoje grande empresário campinense) e William Medeiros – atualmente reconhecido mundialmente por seu talento em ilustração digital, fundamos uma das primeiras empresas de tecnologia da Paraíba: a Era Digital. Esse foi apenas o início de uma trajetória que veio a culminar com o sucesso empresarial, após anos de empreendedorismo.
PCN – Você saiu da Paraíba e encarou novos mercados, primeiro no Brasil e depois no exterior. Como foi essa mudança?
JW – Investi muitos anos na Paraíba, superando as dificuldades de um pequeno empresário, visionário e cheio de sonhos. Em meados de 2009, após uma parceria com a empresa paraibana Gigahost, a minha empresa Daterra Media Group tornou-se 6PSGroup. Em 2011, mudei com a família para o Rio, e como esperado de toda mudança, novos horizontes se abriram. A 6PSGroup passou a atuar mais intensivamente no eixo Rio- São Paulo, chegando a firmar contratos com grandes clientes como a IBM. Após anos de desafios no Brasil, e com bagagem técnica acumulada, decidimos então que era hora de nos lançarmos ao mercado internacional.
PCN – Que desafio foi preciso superar com a chegada em Nova York?
JW – Escolhemos NYC como base da empresa nos EUA, uma vez que um dos sócios era americano e já vivia em NY. O primeiro ano foi muito difícil. Como sabemos, nem tudo são flores e empreender é para os fortes! Apesar de todos os desafios, uma coisa estava muito clara no nosso mind set: determinação até o sucesso. Não desanimar. Não voltar atrás. Batemos de porta em porta, vencendo obstáculos jamais imaginados. Mas conseguimos. A empresa cresceu e em pouco mais de um ano já tínhamos grandes contas em nossa carteira internacional.
PCN – Entre novas ideias, investimentos e decisões importantes que precisaram ser tomadas ao longo de sua trajetória profissional, que outros fatos você destaca nessa experiência com empreendedorismo?
JW – O nosso DNA de empreendedores não nos deixava nos acomodar. Quando tudo parecia perfeito e em um ritmo escalável de crescimento, surgiu um novo projeto. Uma proposta que fez brilhar o olho, mas que exigia sacudir tudo para cima e recomeçar a partir de uma nova perspectiva: uma startup. No Brasil, já tínhamos tentado emplacar vários outros projetos dessa natureza (Twitcast, TVCalypso, Smark, Streamlive, dentre outros); por isso, sabíamos do custo envolvido e da dedicação exigida da equipe. Mas agora era diferente. Estávamos no polo dos negócios onde os empreendedores nascem nas garagens e são incentivados a crescer. Naquele momento, decidimos apostar todas as fichas. Resolvemos abrir mão da cartela de clientes e seguir em um único caminho, um negócio próprio, um projeto exclusivo. Assim nasceu, no início de 2013, a startup Hackhands: plataforma de mentoria online para desenvolvedores. E esse foi um ano de muito trabalho, dedicação e várias histórias para contar. Mas enfim, em 2014 recebemos nosso primeiro investimento e mudamos a empresa de NYC para San Francisco. Meus sócios lá e eu de cá. Um ano de grandes descobertas, novos processos, muito trabalho e aprendizado. Em julho de 2015, a realização de um sonho: nossa startup foi adquirida por uma das maiores empresas de tecnologia dos EUA e líder global em treinamento online para profissionais de tecnologia: a Pluralsight.
PCN – E como está a empresa hoje?
JW – No último 17 de maio a empresa Pluralsight, da qual hoje sou acionista, tornou-se uma empresa pública, listada na NASDAQ (PS). Esse evento nos trouxe muita alegria e representa muito para nós, três paraibanos e um americano, que com muita luta e dedicação conseguimos imprimir uma história de sucesso em um mercado internacional, extremamente qualificado e competitivo. Sinceros agradecimentos aos amigos e sócios de toda a caminhada, e em especial aos sócios Geraldo Ramos, Assis Batista, Forest Good e toda equipe da HackHands.
2 Comentários
Sergio Melo
4 de julho de 2018 at 14:51Muito bom, ver saber das conquistas dos empreendedores paraibanos. A batalha é longa e bastante seletiva no mundo digital.
Parabéns ao Wilker e seus sócios.
jose Willihelm
3 de julho de 2018 at 12:42Parabéns my brother, uma história de superação que nos inspira a continuar perseguindo nossos sonhos e projetos!!!